Venho acompanhando a picuinha e o desdém desnecessários e abusivos que o jornalista Samuel Celestino nutre pelo Secretário de Cultura Sr Márcio Meirelles, como simples leitor em busca de informação diária. Sempre achei exagerado, mesmo que o jornalista represente a oposição política em contramão evidentemente da situação. Mesmo agora como presidente de uma entidade sem fins lucrativos e de utilidade pública, ainda assim não me achava com direito de opinar sobre isso ou aquilo que saem nos jornais. E dessa forma com naturalidade e frieza de um simples leitor de jornal que li a matéria de domingo (25/01) na coluna do jornalista citado. Mesmo sabendo da provocação e pirraça do jornalista com algumas pessoas que fazem o governo, desde sempre, estranhei a colocação que fizera, ainda assim continuei minha leitura tranquilamente. Eis que tomado de surpresa li outra matéria na tal coluna na quinta-feira (29/01) em que o ex-presidente da entidade atualmente presidida por mim, Câmara Bahiana do Livro, parabeniza o jornalista e conta as agruras que passou no exercício de sua gestão. Claro, já disse aqui a situação enferma em que se encontra a entidade. Disse também que aceitei o cargo depois de verificar com quem trabalharia e ao ver os nomes de Cedraz e Aurélio me prontifiquei imediatamente. Devo dar razão ao ex-presidente quanto à situação da entidade, no entanto tenho que reconhecer a inoperância da antiga gestão. Ao contrário do que foi escrito pelo ex-presidente em “A Tarde” de ontem, devo dizer que fui muito bem recebido pelo Secretário Márcio Meirelles, não o conhecia e a impressão que tive foi de um homem em busca de soluções, por exemplo, para o entrave editorial baiano, um dos temas que fomos tratar. Portanto não colaboro em hipótese nenhuma sobre o que foi dito em “A TARDE” de 29/01/09 na coluna de Samuel Celestino. Em crônica anterior disse que participei da primeira reunião sobre a BIENAL do livro, onde também estavam presentes o professor Ubiratan Castro representando a Fundação Pedro Calmon, a EGBA, e a FAGGA-eventos, que será realizada em abril desse ano. O Secretário envolveu e convidou-nos a participar da reunião para a programação do evento BIENAL, apoiou e aprovou o projeto de participação da Câmara Bahiana do Livro na BIENAL do Rio de Janeiro, pela primeira vez uma entidade representará a literatura baiana em outros domínios. Portanto foi com um misto de assombro e espanto que li tal matéria de natureza infeliz escrita pelo ex-presidente da Câmara. Dessa forma o escritor e diretor de Relações Públicas Aurélio Schommer escreveu uma nota ao jornalista, nota aprovada por mim, onde esclarece aposição da atual diretoria da Câmara Bahiana do Livro. Disse-me Aurélio que o texto será publicado hoje ou amanhã, sábado 31/01/09. Como não faz parte de mim torturar meu leitor, posto aqui na íntegra o que será publicado em “A TARDE”.
Carlos Vilarinho
Presidente da Câmara Bahiana do Livro
CÂMARA BAHIANA DO LIVRO NÃO ENDOSSA CRÍTICAS AO SECRETÁRIO DE CULTURA
Ao Sr. Samuel Celestino
Jornal A Tarde
Prezado Senhor.
Em primeiro lugar, e em nome da Diretoria da CBaL, Câmara Bahiana do Livro, vetusta entidade representativa de toda a cadeia produtiva do livro em nosso estado, faço desta uma oportunidade de levar ao conhecimento de Vossa Senhoria a elevada estima que temos a seu destacado trabalho como jornalista e incentivador das letras e da cultura da Bahia. Assim, como homem de letras que é, e dos melhores, esperamos que possa compreender nossas razões e o trabalho no qual estamos empenhados.
A nova diretoria da CBaL, eleita em dezembro último, tem como presidente o escritor e professor de literatura Carlos Vilarinho, e como demais membros, entre outros, o autor e editor Antonio Cedraz, nacionalmente premiado cartunista e autor infanto-juvenil, o empresário Severino Martins, da SEG Livros, de notável militância quanto a fazer chegar o livro às mais distantes e humildes localidades do estado, e este que subscreve, roteirista e romancista.
Nossa constatação, quanto à literatura baiana em particular, e à leitura em geral de nossa gente, é de estarmos em um mau momento, para dizer o mínimo, tendo não somente um dos piores índices de leitura do país, como uma participação escassa de nossos autores contemporâneos no cenário nacional e internacional. Em resumo, vai mal a literatura na Bahia, o que não é de hoje, mas vem se agravando nos últimos anos. Os livreiros são em cada vez menor número, concentrados em Salvador ou solitários numa ou outra cidade. Os editores publicando pouco e distribuindo menos, tanto cá como no mercado nacional. Os distribuidores e representantes quase sem ter a quem distribuir. Os escritores, embora produzindo muito, publicando pouco, no mais das vezes sem apoio, sem divulgação, sem muitos leitores, afinal.
Como membro ativo e militante da CBaL já na gestão passada, acompanhei os esforços da Fundação Pedro Calmon, através de seu Diretor Geral, Ubiratan Castro, e da Secretaria de Cultura da Bahia, através do Secretário Márcio Meirelles, no sentido de mudar esta realidade. Primeiramente, através de audiência pública, em 2007, no Palácio Tomé de Souza, e posteriormente em reunião na sede da Secult, em outubro passado (não em dezembro, como relata o ilustre romancista Gilberto Amarante), ocasião em que foram ouvidos representantes de toda a cadeia do livro, dos livreiros e editores aos escritores, e oferecidas, por estes e pelo Secretário, propostas concretas de como atacar o problema. Uma delas implementada já em dezembro último, que constituiu em disponibilizar, através de editais, quase um milhão de reais de recursos públicos para apoio à edição de livros e outras iniciativas na área de literatura. O lançamento solene desta robusta iniciativa do Governo da Bahia deu-se, ainda no ano passado, na Academia Baiana de Letras, com apoio e aplauso daquela entidade, da CBaL e de outros militantes da literatura baiana.
A nova diretoria da CBaL desde sua posse teve as portas da Fundação Pedro Calmon e da Secult permanentemente abertas, e encontrou apoio a diversas reivindicações, como o aporte de recursos para feiras de livro e para representar o livro baiano em outros estados. A ambição do Secretário Marcio Meirelles e do Diretor Ubiratan Castro no sentido de promover a literatura, mormente a local, na Bahia, e a produção baiana alhures vai além do que a CBaL sempre esperou, e só agora vê se concretizar, como ficou demonstrado mais uma vez quando fomos recebidos em audiência, no último dia 21, não só pela duas autoridades citadas, como por diversos diretores e gestores públicos da cultura estadual. Temos a convicção de que a Bahia verá renascer em breve sua literatura, que fará jus as nossas tradições nesta área, uma liderança iniciada por Padre António Vieira, defendida por Castro Alves e Jorge Amado, e trazida a nosso tempo por João Ubaldo Ribeiro e Dias Gomes, entre tantos outros. E não será apenas um fenômeno soteropolitano, mas que brotará pujantemente de nosso interior, de tão rica e vasta cultura, como vimos nas muitas inscrições recentes para os editais FPC/Secult.
Reconhecemos o diletante trabalho do romancista Gilberto Amarante à frente de nossa entidade nos dois anos findos há pouco, porém não corresponde à verdade que a Secult no geral, e o Secretário Marcio Meirelles em particular, tenha sido responsável pelas eventuais agruras da CBaL. O "indefiro o pedido", citado pelo missivista em vossa magnífica coluna no Jornal A Tarde de hoje, 29/01/2009, não foi do Secretário Márcio Meirelles, mas da administração do Fundo de Cultura, por ser um pedido de manutenção sabidamente vedado pela legislação em vigor. Nem poderia ser de outra forma, pois se as entidades podem e devem receber apoio público a suas iniciativas, não podem nem devem simplesmente sobreviverem à conta de dotação orçamentária estatal, pois além de imoral do ponto de vista das razões de estado, levaria à acomodação de seus dirigentes. A CBaL quer apoio estatal, sim, mas na exata contrapartida a suas iniciativas de interesse público e de resultados auferíveis pelo conjunto de nossa população, tão carente do livro e da leitura, e tão orgulhosa de nosso passado literário, quanto preocupada com nosso futuro literário, que tentamos, em parceria profícua e harmoniosa com as autoridades públicas, fazer brilhante.
Assim, a Diretoria da CBaL não endossa as palavras de seu ex-Presidente e faz um desagravo público ao Senhor Marcio Meirelles, homem sintonizado com a cultura de seu tempo, de notória e bela trajetória artística, cuja escolha pelo Governador Jaques Wagner para comandar a Secult tem se mostrado muito feliz e alvissareira.
A CBaL é apartidária, como não poderia deixar de ser, mas não é apolítica, pois as políticas públicas concernentes ao livro e à literatura nos dizem respeito. Na atual gestão, estas políticas nos parecem profícuas, até porque não é comum uma autoridade pública administrar com portas tão abertas e acolhedoras como têm feito o Secretário Marcio Meirelles e o Diretor Ubiratan Castro.
Sabemos que Vossa Senhoria, zeloso que é em sempre oportunizar o confronto de versões conflitantes, no interesse da verdade, matéria prima do melhor jornalismo, saberá dar o espaço adequado em vossa coluna as nossas considerações.
Atenciosamente
Aurélio Schommer
Diretor de Relações Públicas
Câmara Bahiana do Livro